segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



contra a fúria
dessas águas
o veleiro
luta
por sustentar
na proa o 

dia-amanhã

no vai-vem
dessa dança marítma
é que a cortina de sal
se esconde
na sombra das ondas,
ocultando das redes
o que vem do fundo
e bóia

cumprem o dever
o dia e o homem.
acima, céu cinza

de cansaço, abaixo
o escuro do pé
descalço.

frente a estrada
de casa, o retorno
de amanhã:

anoitece fechar-
de- olhos, amanhece
mãos-em

colisão com o
solo arando,
ensolarado
na varanda do
meu ouvido ainda
ouço o eco de

tua voz

prometendo ser
qualquer ruído
de manhã nu'a tarde
algoz


solene descansa
descalço perene
calçada sublime
simples

fala viva
sobre vivências
sobrevive
ainda

passar dos tempos
noite passa-
tempo clara
presença

da lua uivando
pululando crescendo
boca-a-boca pulando
palavras


uma onda mostrou-te
o veneno
que o mar guarda
na cauda de sua beleza

foste o fruto que não brotou
entre as pedras,
a carne que o sal não conservou...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

risco no chão
de pedra branca
do sal que aqui
se condensa


estátua esculpida
pelo vento que
a noite esconde
com as mãos:


aqui: o sal
a vida
o ocaso o
norte


a fuga a lástima
risco escamas
na orla dos ombros
onde nascente deságua

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

risco no chão
de pedra negra
via que aqui
se revela que


sobe a serra
a'onde em que 

encerra
a raiz:


nesta terra
pátria local
de suor
porque calor


risco-me vento na
tela-corisco em cor
de cinza e tarde
silenciosa.