sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

às vezes
me reporto à infância
àquela terra...
garotas serranas
vestidas de espanto curioso
e eu no meu canto
inconsciente de que uma divisão
invisível morava em mim.

hoje
(momento doloroso)
é rapidez de pensamentos
girando em torno
de multinacionais

é místico aquele
pensar-lento

mas não há espaço
para misticismos
a menina
andou e
passou

vendo:

lua de vênus
na mira do arpão
o balanço
tropical
da rede ligada
no pé de pau

ignora
meu alvoroço
nesse pouco-a-fazer
nessa paz
carregada por
séculos numa garrafa
                            interior
eu me perco
nas noites frias
nos bares
no silêncio
das páginas
a confusão das letras
nas ondas que levam
sargaço a imensidão
me perco 
no momento
no vento
no ventre,
sereno,
ao relento