terça-feira, 15 de março de 2011

há mundo no fundo
cá mudo mudo o meu
calo pra ouvir o fazer
falo pra calar minhas mãos
tato para conhecer
aquilo que se verá
quando o olho recusar a ver
e o mundo no fundo é
o que fundo (nem antes
nem depois) agora será
como foi
eu todo nós dois
o que há no fundo dessas horas
que correm até o outro dia
que me cansam correr por elas
ao ver que ainda não passam da partida?

que me doem passar por elas
ao ser prisioneiro ainda
não do que elas aguardam
nem do que para onde caminham
mas do momento que acontece
para acontecer - até
os últimos segundos.

a vida é feita nos segundos...
o calor do dias frios
e o ar gélido dos dias ensolarados
provêm das companhias silenciosas
invisíveis
que rodeiam-me. 

nunca estou só. nem ficarei
enquanto perder meus sentidos
e o sentido de tudo

enquanto confundir
com o mundo aquilo
sou.
sopro o pó
do universo
sobre o teu corpo

enquanto suspiras
a canção das folhas
voando

a tarde cai
sobre o chão
e respinga na lua ascendente
a mancha do teu olhar...