domingo, 30 de janeiro de 2011

 pó
 d'areia
 rodeia
 no vento,
 permeia
 cinzento
 o arrebol.
'parece primeira
 estrela:caminho de
 poeta é mesmo do girassó.
cavalgar árduo
no capinho
sob céu descalço
de luz


(sabedoria
da enxada
inflamada na mão)


campo limpo
ao redor:
olhar sempre
mesmo nas coisas,
sem cor.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

vem do vento
alegria

do catavento
energia

no relento
rede de pescaria

o movimento-
pescar do dia
teus cabelos
ondulam
águas de 
Ponta Negra 

de selva

escura relva
que me rodeia
e observa

amor viver
enquato morro
ao Careca
madrugada
nem ouve
cantardegalo

coberta
no manto ainda
silenciosa

movimento:
menosprosa

com o sono:
levantarderede

em casa, na maré:
estaticontínuo viver.
a visão
fluxo
ao interior 
incofesso

de
onde a onda
inunda
o corpo
convexo

de um sentir-
furioso: indo-
voltando-indo:
gozo.

domingo, 16 de janeiro de 2011

um poema
tal máquina de guerra
funda-se
do que menos se espera

urge
em surgir das pedras
flor
que perdeu pétalas

grita
ó página abafada
revolução em forma
rimada

nômade
não se prende
ao presente. presa-
livre do movimento.
vem do vento
a alegria

do catavento
a energia

no relento
rede de pescaria

o movimento
amanhecia
a alegria
da energia
de pescar
o dia
o homem era analfabeto
mas não nas coisas da vida
três dias só de birita
regado à cabeça de galo
no olho apertado o calo
do sal das ondas do peixe
"vivo assim me deixe
nessa vida de ruas incertas
errando o incerto se acerta
até que o sopro de barro nos deixe''

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

às vezes
me reporto à infância
àquela terra...
garotas serranas
vestidas de espanto curioso
e eu no meu canto
inconsciente de que uma divisão
invisível morava em mim.

hoje
(momento doloroso)
é rapidez de pensamentos
girando em torno
de multinacionais

é místico aquele
pensar-lento

mas não há espaço
para misticismos
a menina
andou e
passou

vendo:

lua de vênus
na mira do arpão
o balanço
tropical
da rede ligada
no pé de pau

ignora
meu alvoroço
nesse pouco-a-fazer
nessa paz
carregada por
séculos numa garrafa
                            interior
eu me perco
nas noites frias
nos bares
no silêncio
das páginas
a confusão das letras
nas ondas que levam
sargaço a imensidão
me perco 
no momento
no vento
no ventre,
sereno,
ao relento